terça-feira, 29 de março de 2011

Morreu nesta terça-feira (29), aos 79 anos, o ex-vice-presidente da República, José Alencar, que lutava contra um câncer desde 1997.

Dida Sampaio/AE - 25.11.2006
 
 Alencar havia sido internado em “condições críticas” na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, na última segunda-feira (28), com um quadro de suboclusão intestinal, ou seja, parte do intestino estava entupido em decorrência do câncer na região.
Os médicos, no dia seguinte à internação, afirmaram que Alencar não passava mais por tratamento e estava sendo sedado para não sofrer. Com voz embargada, o médico Raul Cutait disse que Alencar estava "em um momento muito difícil de sua vida".As idas e vindas do ex-vice ao Sírio eram constantes. Alencar teve alta hospitalar no último dia 15 de março, quando voltou para sua casa, em São Paulo. O ex-vice havia sido internado no dia 9 de fevereiro com peritonite, inflamação na membrana que reveste a cavidade abdominal. O problema foi causado por uma perfuração no intestino.Em dezembro do ano passado, o ex-vice-presidente deu entrada no Sírio-Libanês com uma grave hemorragia no intestino. O sangramento, causado por um tumor na região abdominal, foi posteriormente controlado pelos médicos por meio de um procedimento chamado embolização.O tratamento contra o câncer, doença que ele combatia há mais de uma década, foi retomado em janeiro, após ter sido suspenso devido a seu estado de saúde, considerado delicado.O ex-vice-presidente passou por diversas cirurgias e sessões de quimioterapia para combater tumores no rim, próstata e abdome, além de se submeter, sem sucesso, a um tratamento experimental fora do país.Devido à doença, Alencar optou por não concorrer a uma vaga no Senado na eleição de 2010. Ao anunciar a desistência, disse que não seria justo com os eleitores tentar uma nova candidatura. - Sempre disse que só aceitaria examinar uma candidatura se eu estivesse curado. Eu me sinto curado porque estou muito bem, mas continuo fazendo quimioterapia e não sei se seria honesto colocar o meu nome como candidato fazendo a quimioterapia. E eu não posso parar com a quimioterapia.O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff, muito próximos a Alencar, estão em Portugal nesta terça-feira (29).  
Homenagem 
No dia 25 de janeiro, Alencar recebeu o aval dos médicos para sair do hospital e participar de uma solenidade na sede da Prefeitura de São Paulo. Na ocasião, ele recebeu da presidente Dilma Rousseff uma medalha comemorativa do aniversário da cidade. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também estava presente.Ao ser condecorado, ele discursou em uma cadeira de rodas e lembrou a luta contra o câncer. - O período longo em que fiquei ativo me trouxe essa dificuldade de locomoção. Estou fazendo fisioterapia e estou melhorando [...] Não posso me queixar, mas tenho de fazer a minha parte. Estou lutando para não morrer e estamos vencendo com a força de Deus. E seja qual for o resultado, será uma vitória nossa.Natural de Muriaé, na Zona da Mata mineira, José Alencar Gomes da Silva foi viajante comercial, atacadista de cereais, dono de fábrica de macarrão, atacadista de tecidos e industrial do ramo de confecções. Ele completou 79 anos em 17 de outubro do ano passado.Alencar era casado com Mariza Campos Gomes da Silva e deixa três filhos: Josué Christiano, Maria da Graça e Patrícia. 
Polêmica 
No ano passado, o ex-vice-presidente se viu em meio a uma polêmica quando a Justiça de Minas determinou que ele reconhecesse a professora aposentada Rosemary de Morais como sua filha. O processo corria na Justiça desde 2000. Alencar, porém, recorreu e, em entrevista ao programa do Jô Soares, da TV Globo, disse que não iria “ceder a chantagens”.- Não há uma pessoa que tenha dito que essa mulher foi vista comigo algum dia. Então, como não há nenhum indício, as pessoas pegam por aquilo, ou fazem o DNA ou não fazem. [...] Então eu não vou me submeter a uma coisa dessa de forma nenhuma. Do contrário, todo mundo vai chegar e dizer você tem que fazer isso, fazer aquilo, com uma chantagem qualquer. E eu não estou habituado a ceder a chantagens.

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