quinta-feira, 18 de novembro de 2010

6ª Caminhada contra a violência, a intolerância religiosa e pela paz

No feriado dedicado à República, a comunidade religiosa do Candomblé de Salvador mostrou, em plena rua, que democracia se faz com respeito e igualdade de direitos a todos os cidadãos, independente da cor da pele, orientação sexual ou crença religiosa. Na tarde desta segunda-feira, 15/11, aconteceu, pelo sexto ano, a Caminhada organizada pelos terreiros de Candomblé do Engenho Velho da Federação, bairro negro de Salvador, que concentra um grande número de terreiros, espaços de resistência da cultura e religiosidade afro-brasileira. Centenas de pessoas, moradores de vários bairros de Salvador e cidades como Cachoeira, vestidas de branco, pediram paz para o mundo. Conscientes de que a paz se constrói no cotidiano e com ações práticas, os participantes também exigiram políticas públicas para o bairro, em especial para a juventude, e o respeito à religiosidade. A Caminhada saiu do Fim de Linha do Engenho Velho, no busto de Doné Runhó – único na cidade dedicado a uma sacerdotisa do Candomblé – e passou pelas ruas Apolinário Santana, Cardeal da Silva, Vasco da Gama, retornando pela Ladeira Manoel Bonfim, ou Ladeira do Bogum, como é mais conhecida em referencia ao histórico terreiro da nação Jeje-Mahin, localizado no alto da ladeira. Na saída, pombos foram lançados por crianças que acompanharam todo o trajeto. Por onde passavam, os caminhantes jogavam milho branco, além de fazerem orações aos Orixás, Inquices, Voduns e Caboclos, por meio dos cânticos sagrados. Palavras de ordem eram ditas por líderes religiosos e a casos de intolerância foram lembrados, como a agressão a Mãe Bernadete Souza Ferreira Santos, de Ilheus, que ganhou as páginas dos jornais recentemente. O que se viu foi uma demonstração de união do povo de santo de Salvador em busca do respeito e da dignidade para o culto ancestral de matriz africana.

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André Luís Santana

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